quinta-feira, 6 de setembro de 2012

LEV YASHIN: O "ARANHA NEGRA"



O Aranha Negra é considerado o melhor guarda-redes da história, mesmo com a forte concorrência de outros mitos como Gordon Banks ou Sepp Maier.
Depois dele, outros poderão ter igualado a sua técnica ou em certos casos até mesmo superado, mas a verdade é que nenhum arqueiro defendeu como Yashin.
Foi o primeiro a considerar a grande área como sua propriedade, tendo o respeito inclusive dos defensores do seu próprio time. Usando os seus dotes atléticos e brilhantes capacidades físicas, tornou-se o primeiro goleiro famoso por sair sem temor aos pés dos adversários, ganhando a fama (quase mítica) de ser imbatível entre os postes, capaz de ler a mente do avançado no momento do remate.


Dois Amores

Lev Ivanovich Yashin nasceu em Moscou, na então União Soviética em 22 de outubro de 1929. Filho de uma família de trabalhadores, o jovem cresceu entre as duas Guerras Mundiais, num período muito conturbado da história russa. Com apenas doze anos, pouco depois da invasão da União Soviética pelos exércitos do III Reich, viu-se forçado a trabalhar numa fábrica para ajudar o esforço de guerra do seu país.
Obrigado a mudar-se para uma fábrica moscovita acabou por nos poucos tempos livres jogar futebol com os trabalhadores da fábrica, despertando assim a cobiça de um olheiro do Dynamo Moskva, que prontamente lhe endereçou o convite para ingressar nas categorias de base do clube.
Depois do “sim” dos pais, o jovem Lev começou a defender não só as redes da equipa de futebol, como da equipa de hóquei no gelo do clube moscovita.
Em 1950 teve a sua estréia na equipa principal. No primeiro jogo com a camisa do Dynamo um frango e uma derrota deixaram o jovem dois anos sem voltar a atuar pelo clube.
Enquanto nos gramados a carreira de Yashin demorava a vingar, na pista gelada, defendendo com mestria, o jovem Lev venceu a Taça em 1952 e o Campeonato Nacional em 1953. 


A Seleção e as Primeiras Conquistas

Seria precisamente nessa época que Yashin voltava a ser titular na equipa de futebol, optando então por abdicar do hóquei para se concentrar exclusivamente nos gramados. No ano seguinte foi pela primeira vez convocado para a seleção nacional, com a qual venceria o torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de Melbourne em 1956.

Eusébio (esq.) e Lev Yashin (dir.) momentos antes do jogo Portugal x URSS pelo Copa do Mundo de 1966.

Dois anos depois, na Suécia, participou no primeiro Mundial da carreira, ajudando a sua seleção a chegar às quartas-de-final e sendo eleito para a seleção do campeonato após as suas brilhantes exibições, em particular na derrota contra o Brasil, na qual Yashin evitou uma goleada histórica, defendendo tudo que havia a defender, exceto nos dois gols de Vavá.
Em 1960, em Paris, conquistou um novo sucesso com a seleção nacional soviética: a primeira edição do Campeonato da Europa. 
No Mundial seguinte, no Chile, Yashin passou por um dos momentos mais complicados de sua carreira, em uma partida contra a Colômbia pela primeira fase do mundial, Yashin levou um gol olímpico, o primeiro da história dos Mundiais, que lhe custou muitas críticas duras dentre elas do jornal francês L´Equipe considerado que a carreira do Aranha Negra tinha chegado ao fim.


Bola de Ouro e o Final de Carreira

Mas ao contrário do que a mídia imaginava a carreira de Yashin não tinha chegado ao fim e o lendário goleiro soviético voltou em força, conseguindo em 1963 vencer o Ballon D´Oro, tornando-se no primeiro - e até hoje único – goleiro a conseguir tal prêmio. 
No Campeonato Europeu de 1964 voltou a jogar uma final, perdendo desta vez para a Espanha, em Madrid. Dois anos mais tarde voltou a brilhar, desta feita no Mundial de Inglaterra, no qual as suas defesas magistrais conduziram a U.R.S.S. a obter sua melhor classificação na história dos mundiais, chegando às semi-finais, na qual perdeu para a Alemanha. No jogo da disputa do terceiro e quarto lugares, nova derrota, desta vez para Portugal, do seu amigo Eusébio.
Sua ultima participação em mundiais ocorreu em 1970 no México, onde aos 40 anos acompanhou seguiu com a delegação na condição de goleiro suplente e como membro da comissão técnica, voltando a atingir as quartas-de-final do campeonato.
Um ano mais tarde fez a última partida com a camisa do Dynamo Moskva, o seu clube de sempre. No jogo do adeus, 100 mil pessoas encheram o Estádio Lenine em Moscou para se despedirem da Aranha Negra que brilhou mais uma vez na companhia de Eusébio, Beckenbauer e Pelé. 
Durante a sua longa carreira Lev Yashin defendeu 150 grandes penalidades e conseguiu sair de campo sem levar gols em 270 ocasiões. Como razão do seu sucesso, Lev Yashin afirmava que tudo se devia a fumar um cigarro e a beber um copo de uma bebida forte antes de cada jogo, algo que o deixava mais calmo.
As “razões” do seu sucesso foram também o motivo do seu declínio e da sua morte. Vitima de um AVC e com um coração fraco, viveu os últimos anos de vida com sérias limitações. Para sua tristeza viu-se obrigado a viver  seus últimos dias numa cadeira de rodas, depois de lhe ser amputada uma perna em seqüência de problemas circulatórios. Desiludido e cansado, o seu coração cedeu numa mesa operatória quando os médicos tentavam remover-lhe um cancro no estômago.
Como consolação e em honra de sua enorme contribuição para o futebol a FIFA atribui em cada edição da Copa do Mundo o Prémio Lev Yashin para o melhor goleiro da competição. Em 1998 foi considerado pela FIFA o melhor guarda-redes do século XX e anos depois ganhou o título de melhor jogador russo de todos os tempos durante os prêmios do Jubileu da UEFA.


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